A primeira mostra de videoarte do Espaço Apis estava marcada para acontecer dias 15 e 16 de março de 2020, exatamente quando foi decretada a quarentena pelo Coronavírus. Tivemos que adiar, e a mostra se transformou em uma aldeia virtual onde durante os dias 16 e 17 de maio artistas e público se encontraram pela internet. Cada um em sua casa mas ligados por um canal onde os artistas puderam expressar suas questões através de uma plataforma com uma potência muito ampla.
ASSISTA AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=sp80CZZOoLA
A mostra aconteceu pelo canal do Espaço Apis no Youtube e a conversa foi transmitida pelo Zoom. Os vídeos dos mais de 30 artistas nacionais e internacionais foi arranjada em dois dias de programações, sendo a mostra Paisagem/Abstrato realizada no sábado e a Corpo/Performance no domingo. Em ambos os dias tivemos conversa com os artistas e curadores com participação do convidado especial Ricardo Basbaum.
Realizamos uma campanha de solidarização com o projeto social Mais Amor Menos Capital onde direcionamos o valor dos ingressos para a distribuição de cestas básicas e produtos de higiene para os moradores carentes da região vizinha ao Apis.
Artistas:
Alex Hamburguer
Anna Corina
Carlos Fernando Macedo
Cristiana Miranda
Crystal Duarte
Dora Abreu
Elaine Pauvolid
Evandro Machado
Gabriel Fampa
Iasmin e Magnolia
Ique Gazzola
Isabela Mota
Jaime Enrique Prada
Jessica Moritz and Diana Shuemann
João Rocha
Letícia Gonçalves
Luccas Morais
Luiz Badia
Luiz Henrique
Manoela Bowles
Marcela Cavallini
Maria Baderna
Marta Perez MarQo e Camille
Math Marins
Matheus Murucci
Micael Bergamaschi
Michel Chetter
Nicole Kouts
Patricia Francisco
Patricia Gouveia
Paulo Aranha
Raphael Couto
Sema
Tais Almeida
Thales Ferreira
Thomas Vallianatos
Yaminaah Abayomi
Zex Xiz
A FRONTEIRA – UM CONCEITO
Uma Fronteira demarca um limite. São pontos ou questões entre espaços, entre pessoas, entre gêneros, entre etnias, no meio ambiente ou na passagem do tempo. Limitar, demarcar, atravessar, movimentar, ultrapassar, são ações libertadoras ou restritas que aludem à nossa percepção do espaço-tempo. A Fronteira é plural em seus territórios contíguos e nos afetivos, por isso há o momento de negociação entre as partes. Numa vida em movimento, pulsa a iminência de atravessarmos a fronteira, quando nos encontramos no limiar de uma transformação.
PARTE DE UMA HISTÓRIA
No Brasil a videoarte apresenta-se como terreno fértil a partir dos anos 70, Antonio Dias é o primeiro brasileiro a apresentar publicamente um trabalho na Itália. A videoarte aproximava-se do que preconizou o cinema experimental, com a quebra da narrativa clássica cinematográfica e incluiu outros suportes de artes plásticas dentro do video. Para o cineasta Jairo Ferreira era o Cinema de Invenção, para Oiticica o quasicinema. Aqui em terra brasilis aconteceu em 2008 a principal mostra de videoarte “Visionários Áudio Visual na América Latina”. Nos anos 80 e 90 a video arte contava com uma nova geração de artistas e forte produção. Desse período para o momento atual sofremos profundas transformações tecnológicas como o advento da inteligência artificial e o desenvolvimento do deep fake que abriu um universo de possibilidades para as imagens. Este comportamento natural do homotelevisivo é retroalimentado pelas formas e técnicas usadas pelos artistas para expressarem suas subjetividades, concretizadas em obras de arte. Jean-Luc Godard, Andy Warhol e Hélio Oiticica usaram o video para apresentar novas formas para a linguagem da imagem em movimento. Ao mostrar uma forma mais despojada de filmar, ou fazendo o dia a dia no vídeo, o tempo real, no qual podemos assistir deitados em redes, demonstram o comportamento, questões e pensamento de uma época.
PROVOCAÇÕES
Artistas são como antenas, captam o zeitgeist, o espírito de seu tempo. E hoje? Como somos representados em nossas técnicas e linguagens?
Em “A Fronteira” buscamos entender o que é a videoarte do nosso tempo e local. Como a videoarte acolhe essa reconfiguração social e política?
Quais as atuais proposições no campo da videoarte e cinema experimental que dialogam com as questões contemporâneas da nossa sociedade?
Como as técnicas que usamos hoje conseguem captar o nosso tempo?
O que os artistas precisam dizer?
A videoarte talvez possa nos dar uma orientação do “glitch” que estamos vivendo no sistema.
Acreditamos que a Arte precisa militar por sua liberdade, usando sua potência para transpassar fronteiras ou mesmo expandi-las.
Arte como existência, evolução e levante.
Será que veremos a virada? Será assistindo um vídeo?
CURADORIA: Manoela Bowles, Ique Larica Gazzola e Patricia Francisco