Como as coisas são, com Fischli e Weiss no Guggenheim NY

A dupla de artistas suíços usa situações e objetos do dia a dia para nos mostrar que existe muito mais por trás do que estamos acostumados a ver e entender. Eles brincam com as macro e micro questões que estão sempre presentes e nunca são respondidas.

Peter Fischli e David Weiss continuam provocando, mesmo depois da morte de Weiss em 2012. Na exposição do Guggenheim em Nova York eles apresentam sua primeira grande retrospectiva em um museu americano, com uma enorme variedade de obras organizada de uma forma que ilustra bem os principais temas trabalhados por eles ao longo de sua carreira.

Sua arte possui muitos níveis de significados. Desde cenas banais que todos podem compreender e se identificar até o questionamento sobre o significado da vida em si. Em um de seus primeiros trabalhos, quando a dupla vivia em Los Angeles, os personagens Rato e Urso trazem questões filosóficas universais para filmes de baixo orçamento. Revelando o que mais tarde viria a ser um traço marcante em sua obra, o uso de materiais comuns para tratar questões profundas.

Da mesma maneira que as crianças conseguem transformar uma lata de Coca-Cola em um caminhão, eles transformam o significado de objetos comuns, abrindo nossa mente para as infinitas possibilidades da imaginação. Mostram que não precisamos ficar presos ao sentido normal das coisas ao nos fazer olhar ao que estamos acostumados de uma nova forma. Fischli e Weiss dão vida a objetos ao libertá-los de classificações. Na série das salsichas, eles criam cenas cotidianas com salsichas e outros materiais que encontraram pela casa. Esta fórmula está presente por toda a exposição.

A dupla cria narrativas dando diferentes significados aos objetos, mas também dissolvem os significados fixos de cada um deles. Como na série de esculturas cinzas, onde esvaziam carros e outros objetos comuns de todas os traços que podem ser usados para representá-los como tal. Para eles, qualquer coisa pode ser qualquer coisa, depende de como a determinamos ou contextualizamos.

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O significado de uma cadeira pode mudar se ela passa a ser utilizada como suporte para outros objetos, como na série Equilíbrio. Até mesmo um objeto abstrato, sem imagem definida, pode ganhar um significado bem elaborado se for descrito assim e pode mudar da maneira que queremos. Essa é a grande mágica das coisas que Fischli e Weiss pretendem nos mostrar, que nós escolhemos como interpretar tudo e que por isso temos a liberdade de criar nossa própria realidade.

Estamos sempre tentando buscar respostas para as grandes questões da vida, mas o sentido não precisa vir racionalmente, pode vir de forma imaginativa, poética, como numa brincadeira. A arte tem esse poder de nos fazer olhar as coisas do dia a dia de uma maneira completamente nova, e é esse poder de transformar as coisas que pode nos levar a uma evolução da nossa maneira de ver e experimentar o mundo ao nosso redor.

https://www.youtube.com/watch?v=GXrRC3pfLnE

Fischli e Weiss têm uma forma mágica de nos mostrar isso. No vídeo universalmente cativante, O Perscurso das Coisas, objetos são afetados num desenrolar de causa e conseqüência em um movimento que pode representar a nossa própria condição de vida. Nas instalações de poliuretano, ferramentas usadas para criar arte, como tintas, pincéis e outros produtos do meio, são recriados com materiais fáceis de encontrar e de serem reconhecidos. Eles recriam esses objetos com esse material comum para questionar a própria noção de readymade.

Fischli e Weiss levantam questões em vez de dar respostas, e nos mostram que está tudo bem em não ter respostas ou certezas. Estamos sempre buscando respostas, e é isso que move o mundo: criar e recriar significados até o infinito.

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