“O tempo voa quando estou no parquinho, mas quando estou esperando para entrar no jogo de futebol, demora muito”. Parece derreter como o sorvete no verão ou como o relógio nos quadros de Salvador Dalí. Expressar e compreender o tempo é tão difícil para as crianças quanto para os adultos, para quem parece escorrer pelas mãos. Cada um com a sua perspectiva. E o tempo, relativo para todos. Mas, podemos criar o tempo, e a arte nos permite fazer isso! Quer saber como?
Tentar guardar o tempo dentro de uma ampulheta é uma invenção humana. Nas criações em sala de aula, o tempo corria mais rápido ou mais devagar, dependendo da quantidade de areia e do tamanho do furo entre uma garrafa e outra. Enxergar aquela areia como tempo é uma transfiguração típica da arte. Uma analogia para como o tempo se dissolve ou se constrói, como as montanhas se formam ou se destroem, com o tempo. Na natureza tudo está em constante transformação, como as folhas mudam de cor, artisticamente.
O tempo da natureza é o mesmo tempo do relógio? Como podemos saber que o tempo passa? Perguntas assim trazem questionamentos e respostas incríveis, fruto de uma imaginação libertadora. “Sinto o tempo passar quando estou caminhando e o vento bate no meu rosto”, “Quando durmo sinto que o tempo para”. Pode parecer surreal, para os adultos, mas revela, poeticamente, o que é ver a vida pelos olhos da criança.
É nessa experiência vivida em comunhão e individualmente que o tempo se constrói e reconstrói. A vida, como a arte, envolve transformação, percepção, emoção, intuição, sensibilidade, poética. As crianças não veem racionalmente como o tempo cronológico que foi inventado para determinar certas coisas e não existe na natureza.
Intuitivamente experimentamos e criamos relógios de areia, cada um com seu tempo diferente guardado. Acompanhamos aquele tempo que fizemos juntos. As reflexões que surgiram, momentos que ficaram, e assim fixamos o nosso tempo. Lembranças misturadas com imaginação, cada um tem a sua. Mas que foram criadas em conjunto. Como é bom fazer o tempo coletivamente.
