Durante duas semanas a exposição apresentou sete artistas internacionais que provocaram a percepção ao estimular experiências sensoriais, promovendo uma viagem bem interessante para fora da rotina comum do dia-a-dia. Entre os dias 3 e 17 de outubro de 2013 a exposição aterrizou na parte leste de Londres, mais especificamente na Vyner Street.
Diversos eventos reveladores ocorreram durante as duas semanas de exposição, entre conversas, visitas guiadas e até uma degustação de vinhos harmonizada com as obras apresentadas pelas curadoras Manoela Bowles e Robertta Marques. O intuito era criar uma plataforma de discussão sobre as experiências ocorridas durante a exposição. Neste caso, as curadoras atuaram como catalisadoras, conectando artistas e visitantes para mergulhar ainda mais fundo na pluralidade de dimensões e perspectivas que as obras geravam e descobrir novos sentidos a serem levados para a vida. Ampliando a consciência de quem participou da Kaleidoscope.
Artistas: Adeline de Monseignat, Alan Sastre, Ayuko Sugiura, Iyvone Khoo, José Alcañiz, Miyuki Kasahara, Steven Morgana
Kaleidoscope te convida para se perder entre as muitas dimensões de abstração da realidade onde a percepção atua como o meio principal e onde o espectador é condição vital para sua existência. As obras são estimulantes para abrir a mente e deixar a imaginação correr solta. Kaleidoscope é mais que apenas a referência e a relação com o instrumento óptico que gera lindas imagens em padrões simétricos. Aqui o kaledoscópio é uma metáfora das muitas condições de experiências de transformação, da ordem surgindo do caos, do processo de criação em si mesmo.
Na Kaleidoscope você encontra obras em criação contínua diante de seus olhos, uma investigação sobre as diversas formas de expandir a consciência através dos sentidos provocados pelas diversas maneiras de trabalhar técnicas e materiais.
Tente perceber sua própria percepção e se torne consciente do momento. Deixe a racionalidade para trás e permita se inspirar, evocando emoções e sensações profundas. Kaleidoscope é uma chamada para despertar uma sensibilidade que a vida comum nos abstém. Ao provocar os sentidos, cada visitante terá sua própria experiência subjetiva, onde o sentimento é tão individual e distinto quanto sua própria impressão digital ou íris.
Diferentes leis de visão são utilizadas para trazer os objetos para sua existência. Os quadros dos artistas espanhóis Alan Sastre e José Alcañiz criam espaços virtuais, paisagens imaginárias baseados nos princípios da perspectiva para gerar ilusões de ótica poderosas. Usam formas e composições abstratas para produzir o efeito de distorção visual e criar uma realidade alternativa. Os quadros parecem possuir túneis e algumas pinceladas saltam para fora da tela.
Quando olhamos para um kaledoscópio, de alguma forma há uma resposta do corpo, da mente e do espírito. Pensamos em o que e em como estamos vendo, e entendemos que existe muito além do que nossa visão pode perceber.
As obras tridimensionais de Adeline de Monseignat, Ayuko Sugiura, Miyuki Kasahara, Yvone Khoo e Steven Morgana carregam em si essa profunda significação que você sente mas é difícil de descrever. As esculturas criadas por Adeline de Monseignat e Miyuki Kasahara reproduzem a sensação de sinestesia. Você pode tocá-las e escutá-las com os olhos! O espectador é colocado no centro da experiência e se engaja no desenrolar das inter-conexões de formas e sensações. Onde primeiro existiu um estranhamento, uma separação para compreender, do caos surge a ordem, emerge uma integração, uma conexão de similaridade e evidenciamos o desabrochar de uma harmonia natural.
As instalações de luz imersivas criadas por Iyvone Khoo e Ayuko Sugiura são uma festa para os olhos! Elas se transformam de acordo com a ponto de vista do espectador. A luz dança e se reconstrói no espaço enquanto toca materiais diferentes, objetos diversos e inclusive o próprio corpo se tornam superfícies que recebem a projeção.
Num primeiro olhar as esculturas de Steven Morgana atraem a atenção para sua estética e seu movimento, mas seu sentido vai além da primeira impressão física e se abre para um espaço conceitual onde a História da Arte e o espectador se encontram. “Sphère-trame” faz referência ao movimento de artistas cinéticos dos anos 60, Groupe de Recherche d’Art Visuel. As esculturas de Steven foram feitas à mão com ferro retirado de grades que serviram como barricadas durante uma manifestação, materiais reciclados que fazem referência a estes acontecimentos e que quase permitem tocar a História. Investiga essa relação análoga entre e carrega diferentes níveis de sentido.
A natureza kaledoscópica dos trabalhos apresentados na exposição demonstra nossa necessidade interior de criar e reflete a constante transformação e crescimento que ocorre em nossas vidas e no mundo. Arte, como um kaledoscópio, carrega nossa vontade de expressar os elementos iminentes e transcendentes que não podemos colocar em palavras mas que podemos comunicar em uma linguagem universal. Onde os símbolos e motivos são parte de uma herança humana unificadora. Nos faz lembrar da inter-dependência e inter-relações que temos uns com os outros, uma conexão profunda que só pode ser expressada metaforicamente, pois de sua incomensurabilidade a racionalidade não dá cabo.
A exposição pretende ser uma fundação por onde se pode ampliar o horizonte de percepção e abrir a consciência para novos entendimentos. Ativando novas esferas da mente para ver o mundo com olhos transformados e trazer para a vida a noção de que existem tantas realidades quanto existem pontos de vista.