Seja por uma reza para uma vela, uma dança no terreiro, um canto indígena ou gregoriano. Como você se conecta com a sua verdade mais profunda?
A 35ª Bienal de São Paulo, Coreografias do Impossível, traz linguagens invisíveis que percorrem atos de conexão com poderes divinos. Um poder velado pela mentalidade racional que alimenta o sistema capitalista.
Quanta coisa fica de fora do veiculado pelo mainstream? Mas, muitas verdades percorrem como afluentes e não serão esgotadas como os recursos naturais que esse sistema destrói.
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Na entrada do pavilhão, Ana Pi traz linguagens que perpassam o corpo e emergem no espiritual. Como na dança no Candomblé, o corpo faz movimentos que unem dimensões físicas, mentais e espirituais. Invisível aos olhos de quem não está aberto para sentir. Traz o barro, que une copo, vasos e toda a materialidade que vem da terra. A estrutura que sustenta, como o terreiro, esses poderes invisíveis.
A proposta dos curadores, Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, de trazer o canto, a dança, o espaço, o corpo e as imagens como forma de conectar com toda forma do universo e seus seres, consegue dar uma noção do tamanho da potência que estamos perdendo ao usar apenas o racional para nos guiar.
Através de artistas de todo canto do mundo. Como Daniel Lie (Alemanha) demonstra em sua instalação com troncos, plantas, terra e flores, que se decompõem e ativam nossos sentidos com cheiros exalados pela ação dos microrganismos tão presentes e nem sempre notados.
A força feminina, que vem do útero, força de geração, criação, como da mãe natureza, está muito presente na Bienal em obras de diversas artistas. A balinesa, Citra Sasmita, traz seus panos com pinturas seculares de mulheres em sua força, jorrando sangue do ventre. Somos imersos em figuras de deusas protagonistas nas pinturas que nos envolvem em círculos. Expressam as dores de um sistema opressor onde o poder feminino é desperdiçado.