A exposição totalmente organizada pela Pinakotheke passou por São Paulo e chegou ao Rio trazendo o artista para a abertura! É a primeira individual de Miquel Barceló em uma galeria no Brasil. Depois segue para Fortaleza.
“Se sei como vai terminar a obra ela já está terminada” responde Barceló diante de um de seus quadros brancos.
A série monocromática iniciada em 2012 possui um movimento surpreendente. Parecem pinturas abstratas mas são representações das praias de Maiorca, sua terra natal. Uma delas me remeteu a um furacão, e eu me senti no meio dele diante de tamanha força de expressão. As marcas tão presentes em seus quadros fazem de cada um muito particular pois é notável que o artista coloca sua alma em cada um.
As ferramentas que Barceló utiliza para pintar seus quadros, algumas que ele mesmo cria, também foram trazidas para a exposição. É muito interessante ver os objetos que habitam seu ateliê. Entre pigmentos e achados diversos, que ele coleciona como referência, vemos crânios de animais e até uma sandália velha. Todos com certeza possuem grande significado para o artista.
Seus quadros do estilo humoristicamente chamado por ele de “Tomatismo” são uma explosão de vermelhos, amarelos e brancos. Todos ingredientes que parecem jogados numa imensa panela, ou melhor, tela, em um de seus gestos de maestria alquímica. Nos conquistam pela sua crueza, sutileza e ao mesmo tempo força na simplicidade com tanta emoção.
Sua necessidade de expressão é bastante visível em suas obras, ela transpassa e contagia o público. Um bom exemplo está em suas cerâmicas que possuem tamanha grandeza em uma marca mínima. Como as pinturas rupestres que nasceram da necessidade de expressão do homem.
Miquel Barceló é um artista muito versátil. Além de pinturas e cerâmicas, também cria esculturas em bronze. Todos com a marca de seu trabalho, uma materialidade e visceralidade profunda, mas com uma alegria e uma leveza de movimento incríveis. Típico do grande artista, aquele que está já tão inserido em seu trabalho que a produção já sai com uma densidade e uma naturalidade intrínseca.
Suas obras já possuem uma demanda antes mesmo de serem produzidas. Nesta exposição todas as obras já haviam sido vendidas. Suas esculturas em bronze, a do fósforo queimado pela metade, que representa o estágio da vida em que ele se encontra; e Elefandret, o elefantinho brincalhão de cabeça para baixo, são as que gostaria de levar para casa.
